9.11.09

Permanência...



De tudo fica um pouco, escreveu Drummond certa vez. Fica um pouco do choro, da alegria, da flor, do riso. Fica um pouco da dor, da falta, da perda, um pouco daquilo que já foi e não mais é. Um pouco dos cheiros, um pouco dos gostos, um pouco das cores que, ao longe, já não parecem tão vivas. Mas existem. Ficaram.

Um pouco dos olhos, do abraço, da pele, da música. E já não somos os mesmos de antes. Dentro de nós, ou no entorno, muito mudou. A mente se transforma, o coração bate tranquilo, embora tenha de conviver com todos os poucos que ficaram. A vida vai desenhando caminhos para continuar, do jeito que for. Com menos drama para um, e um pouco mais de drama, necessário, para o outro.

Dos amigos, dos amores –de qualquer tipo–, fica um pouco. Ou muito. Da criança ficou um pouco, e ela sorri quando encontra outras crianças que ficaram, disfarçadas sob corpos feitos. Da história ficou um tanto, mas saímos inteiros das tempestades, cada um à sua maneira. Mas não ilesos. E nem iguais.

Da conversa na calçada ficou um pouco…

“E quando a tempestade tiver passado, mal se lembrará de ter conseguido atravessá-la, de ter conseguido sobreviver. Nem sequer terá a certeza de a tormenta ter realmente chegado ao fim. Mas uma coisa é certa. Quando sair da tempestade, você já não será a mesma pessoa. Só assim as tempestades fazem sentido.”
Haruki Murakami

Esse lindo texto é da Giuliana do blog http://miradouro.wordpress.com/2009/11/05/permanencia/

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